DR. BERNARD x ONA

A desfrutar de uns merecidos dias de descanso no conforto da margem sul, fomos recebidos com um abraço bem caloroso pelo Sol. Ansioso por conjugar mergulhos refrescantes com paladares inesquecíveis sem pensar para lá do Tejo, a noticia do pop-up do Ona no espaço do Dr. Bernard foi recebida com entusiasmo, principalmente quando vi quais eram as suas intenções: petiscos típicos, como se quer à beira-mar, e muita criatividade numa equipa comandada por Luca Pronzato (com passagem pelo várias vezes premiado melhor restaurante do mundo, o Noma) e constituída por talentos de várias nacionalidades, contando também com residências de jovens chefs nas noites mais apelativas da semana.


Depois de dadas as boas-vindas, surgiu a pergunta mais importante que quem comanda um restaurante pode fazer nos dias que correm: "como ouviram falar de nós?". Sem qualquer tipo de presunção, respondi que tento andar o mais atento possível a tudo o que respeita a comida e criatividade, e o Ona é ambas. E que essa paixão me levou inclusivé a criar um pequeno blog sem grandes ambições.

Bebi um espumante branco, servido pelo próprio Luca, que na sua descontraída forma de comunicar, oscilava entre o Inglês e o Português. Foi-me inclusivé explicado o método de fermentação utilizado, mostrando que mesmo à beira-mar o profissionalismo permanece intacto.

O couvert chamou à atenção, e não fomos de modas. Atacámos tudo porque o pão estava uma delícia, e o resto não lhe ficava atrás: manteiga de ovelha (que de tão bonito e branco, se assemelhava a um sabonete) e requeijão com doce de figo, a minha fruta preferida. Tudo isto para nos recordar que, mesmo a poucos metros do Barbas, estamos a jogar na Liga dos Campeões. Já agora, o protagonista do livro que estou a ler partilha da opinião que o figo é o melhor fruto. Uma óptima leitura, que aproveito a ocasião para vos recomendar: O Príncipio de Karenina, de Afonso Cruz.

Pedimos um reforço de pão para terminar com o queijo e requeijão, mas também porque combinava na perfeição com o chouriço assado. Eram dois os espécimes de chouriço, um de carne e o outro de sangue. Ficámos empatados na preferência, assim livramo-nos da responsabilidade de eleger o favorito, mas sempre na certeza que ambas foram um prazer.

Pelo meio, uma salada com barriga de atum desidratada, e uma variedade de tomate, que ia do amarelo ao clássico encarnado.


Fizemos o trabalho de casa e as ameijoas pareceram-nos uma bela opção, sobretudo por ser uma recriação moderna e criativa que não vira costas ao tradicional. No entanto, o staff não poupou nos elogios ao arroz de berbigão, pelo que para evitar cair em repetição, elegemos um só: o arroz de berbigão. O bivalve tinha uma qualidade excelente, o arroz estava bem solto, mas achámos as quantidades um pouco desproporcionadas, a favor do arroz. É uma receita de relativo baixo-custo, dando certamente uma boa margem ao estabelecimento. De resto nada a apontar, muito bem executado e na próxima pediríamos as ameijoas.

Férias não são férias sem um ou outro abuso, e portanto não nos privámos de partilhar uma sobremesa. Satisfeitos com a qualidade da comida e serviço até então, as expectativas para o adocicar da boca estavam bem lá no alto. Quando soube que umas das opções era farófias, não pensei em mais nada. Sabem aqueles momentos em que os homens estão ocupados a pensar em nada? Era eu, até a dita cuja chegar à mesa com um look requintado. Tão bom que dói. Tão bom, que o arrependimento foi não termos pedido duas.

Por último, uma questão de menos importância, que não é mais do que um pormenor engraçado para quem está agora a começar: ao sair do restaurante, no quadro onde estão escritas as reservas, o meu nome aparecia seguido da palavra "Blogger".

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