Tendo eu vivido toda a minha infância, adolescência e começo de vida adulta na margem sul, conheço vários dos seus restaurantes, embora longe de conhecer a maioria, até porque os meus pais são fiéis clientes de um grupo restrito de lugares. Para além do mais, novos estabelecimentos vão surgindo, muitas vezes sem a visibilidade de uma abertura em Lisboa, ou sem apostar as fichas todas no design do espaço, o que os torna menos falados. Todavia, na margem sul vive-se um ecossistema bastante diferente da capital, onde o que realmente importa é não seguir rótulos, não estereotipar, e seguir as recomendações, porque neste cantinho mais selvagem que tanto adoro podemos encontrar óptimos restaurantes sem que a sua estética inovadora chore pela nossa visita.
E gostando de Sushi - embora não coma com a regularidade de outros tempos para não me cansar irremediavelmente - deu-se a oportunidade de visitar o Aya Sushi, que tem dois espaços bastante próximos na zona da Cova da Piedade. Ambos apresentam classificações díspares no Zomato, contudo não sabemos se tal será um retrato verdadeiro da realidade destes dois espaços que compõem o Aya. Tudo isto para dizer que reservámos o espaço mais bem cotado, e tememos pela vida quando, no dia seguinte, nos ligaram a avisar que deveríamos comparecer no outro espaço, uma vez que o principal se encontrava fechado. Brincadeiras à parte, comparecemos sem medos à hora marcada.
Confirma-se que o Aya não pretende ser um espaço que impressiona à primeira vista, com uma apresentação com imagens estampadas alusivas ao Japão, que no meu entender estão mais perto do fofinho que do mau gosto. Não é, portanto, descabido o nome do restaurante já que Aya corresponde a um nome feminino no Japão, que significa algo como bonito e colorido.
Fomos bem recebidos, o chá matcha frio foi agradável e refrescante, mas pouco sobrava quando o barco Aya chegou - 61 peças para 4 pessoas foi o suficiente, embora estivéssemos com a sensação de que cabia mais qualquer coisa e, acima de tudo, de que tudo foi muito rapidamente para o nosso interior.
O Sushi é bom, estávamos famintos e portanto as 61 peças rapidamente se transformaram num barco com resquícios de cenoura. O sushi é 100% tradicional, sem invenções que contenham philadelphia, morango, e por aí adiante. O peixe é fresco, e a técnica está apurada, tanto que os nigiris e os hosomakis se comem facilmente, sem que sejam um enfado ou um mal necessário. O sashimi é bom, seguindo a lógica do peixe fresco, mas fiquei um pouco desapontado com o Toro, o qual foi muito elogiado em algumas reviews que tive oportunidade de ler.
No entanto, ficou a incógnita sobre se no outro espaço a qualidade é idêntica. Fica a deixa para uma próxima visita.
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