Aproveitando umas férias em Portugal, cheia de saudades de bom peixe fresco, aceitei o desafio do Diogo e acabámos por escolher o Big Fish Poke. Uma espécie de meio termo que me permitia matar saudades do peixe e degustar sushi ou poke como tanto gosto.
Como era um dia de semana, reservamos mesa para cedo e chegámos não eram 8 sequer. A jantar como os avós, alguns diriam... Mas assim teríamos tempo suficiente para escolher e pôr a conversa em dia, sem apressar cada prato.
Durante bastante tempo, fomos os únicos no pequeno, mas cozy, restaurante. Dado podermos escolher a mesa, por sermos os primeiros a chegar, optei por uma mesa alta à janela. A maioria dos lugares são ao balcão e está-se mais próximo do staff, mas assim podiamos estar mais resguardados e falar frente a frente. Ainda assim, tivemos toda a atenção do staff, que nos explicou detalhadamente todos os pratos sobre os quais tinhamos dúvidas, o objetivo da casa e a formação que tiveram. Os pontos positivos começam, portanto, por aí, pela atenção e cuidado do staff. Não é todos os dias que encontramos isso.
Passando então ao nosso menú... De forma geral, a combinação de sabores destaca-se dos banais pratos que por aí vemos em restaurantes dedicados ao poke, mesmo que de forma subtil nalguns dos pokes. Acho que é essa umas das características principais deste lugar. Isso e o facto de terem recebido formação e consultoria de chefs experientes na criação da carta, o que demonstra seriedade e uma vontade enorme de fazer diferente.
A carta reduzida simplifica a escolha; especialmente as escolhas da entrada e da sobremesa. É no prato principal que as opções são mais vastas, e que a dificuldade chega. Mais um ingrediente, menos um; todos os pokes seguem uma linha idêntica, mas cada um acaba por ter uma identidade própria pela escolha do(s) peixe(s) (ou outros amigos do mar) e de um par de ingredientes principais.
Para entrada, pedimos o Tuna Musubi (com atum yellowfin, dip de wasabi e tobiko). 4 simples mas bonitas e quase simétricas peças, repletas de sabor. Um arroz um pouco mais frio e seria perfeito. De salientar que fomos brindados com uma pequena entrada, generosidade da casa.
Para acompanhar toda a refeição, veio um chá de arroz tufado para o Diogo e um cocktail bem exótico para mim. Escolhi o Mai Tai de Abacaxi e Amendoim, com rum e lima a completar a lista de ingredientes. Toque de amendoim subtil e forte presença do abacaxi, que nunca desilude quando combinada com rum e lima. Forte, mas doce, encantando o paladar.
Escolhi depois o Poke Rainbow (com atum yellowfin, salmão, corvina, arroz yumenishiki, kyuri, cebola doce, cebolo, bubu arare, dynamite Aioli e abacate), por ser aquele que tinha uma maior variedade de peixes e tempero mais suave. Pedi ainda para retirar o aioli, que veio à parte, e acabei por temperar com uma pitada disso e soja. Com pena minha, não tinham wasabi, que para mim é um must com qualquer peixe cru, não só pelo sabor como pelas vantagens que apresenta para a saúde.
Achei que todos os poke tinham falta do elemento exótico que tanto caracteriza o outro lado do mundo, onde o poké nasceu. Mesmo tendo questionado se nenhum tinha fruta, pois estava cheia de vontade de comer ananás, não me disseram que podia pedir para acrescentar. No final da refeição, disseram que poderia ter pedido, pelo que deixo a recomendação para os amantes de fruta no poke: peçam a vossa fruta! De facto, o doce da cebola e da soja não foi suficiente para colmatar esta ausência. Ainda que o poke fosse saboroso, fresco e leve, faltava o toque a ananás, ou mesmo manga, trazendo um doce subtilmente acidulado.
O Diogo pediu o Poke Tako (com polvo, arroz yumenishiki, kyuri, cebola roxa, creme de abacate, coentro, alga nori, lima, kimchi sauce e milho crocante), que segundo ele estava excelente. Provei o milho, bem crocante e saboroso, assim como o polvo, bem tenro.
Para finalizar, e como escolher sobremesas é sempre o mais complicado, acabámos por decidir pedir 2 e partilhar entre nós. Escolhemos a malasada, que trazia uma espécie de mini bolas de berlim, uma com creme de batata doce e outra com creme de macadâmia, e o chocolate kilauea, uma espécie de réplica do homónimo vulcão, com direito a uma breve explicação do vulcão, e sabor a chocolate do equador (70% cacau), wasabi, iogurte e sal negro do Hawaii. As malasadas tinham um sabor agradável, mas a massa era demasiado densa, pelo facto de ser pouco cozida. Não fiquei fã, achei que não tinham grande graça nem se destacavam de um qualquer outro bolo de pastelaria. Por outro lado, o vulcão foi uma excelente explosão de sabores e sensações, com sal e doce e até o toque de wasabi a fazer a diferença. Diria até que dose certa para partilhar, pois se fosse dose para um ia ser demasiado enjoativo. Foi certamente uma escolha vitoriosa.
Em suma, é dificil pontuar cada momento, mas diria que de 0 a 10, as minhas classificações seriam:
Ambiente e atendimento: 9 (só não foi um 10 porque podiam ter-me dito que podia acrescentar a fruta, no momento oportuno, se tanto me apetecia)
Entrada: 9 (bastava o arroz mais frio para ser um 10)
Bebidas: 10
Pokes: 8 (pela falta de equilibrio que achei nalguns)
Sobremesa: Malasada 5 e Vulcão 9 (por tudo o que indiquei acima)
Preço: 8 (ainda faz moça na carteira e não é sítio para ir com frequência se queremos comer bem sem gastar muito).
No geral, é um 8 a querer ser 9, pois desculpando alguns ligeiros percalços e desgostos na escolha dos ingredientes, é sem dúvida um 9 e uma experiência a repetir. O que faltava para ser ainda melhor? Talvez o preço mais convidativo e ter uma espécie de menú de degustação ou pratos mais pequenos, que permitissem que provássemos mais coisas numa só refeição.
Se repetia? Claro que sim, repetia!
A Andreia é uma amiga de longa data com inúmeros dons, entre eles o da escrita - tendo já um livro publicado. Para a conhecerem melhor, podem passar no seu espacinho que aborda opções de vida saudável e sustentável, para além de escrita critica/ficção.
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