Almoço de sábado, já com cheirinho a Verão. Não o suficiente para um fluxo exacerbado para a praia, mas mal aterrei no Cais do Sodré entendi que era esse o estado de espírito dos turistas, e que o Cais do Sodré se assemelhava a uma praia sem areia. No caminho até ao Botanista, vi pessoas deitadas no jardim adjacente ao Mercado da Ribeira, de tronco-nu enquanto exerciam a exigente actividade que é beber jola atrás de jola, pessoas de calções de banho prontas a apanhar o barco para a margem sul.
Chegado ao restaurante, para almoçar com uma amiga vegetariana e a sua filha, já elas estavam sentadas numa das melhores mesas. A pequena, com o seu cabelo rebelde, e as ramificações das bonitas plantas que sobrevoam a mesa, trouxeram instantaneamente à minha cabeça uma mini Tarzan.
Pontos bónus para o lugar, que é muito amplo e fresco, onde o verde e branco predominam. Já sabemos que, hoje em dia, os lugares bonitos são mais que muitos e aposta-se tudo na decoração, mas conjugar esta beleza verdejante num lugar onde se pode respirar, não é do mais comum que há na cidade. E onde o cheiro intenso de alguns restaurantes veganos não existe.
Para refrescar, optei pelo Inferno. Não sou fã de Tomate em geral, todavia em formato sumo e com algum picante à mistura, a coisa muda de figura. O chá gelado é simples mas eficaz a matar a réstia de sede que sobrou da refeição.
As Gyozas foram o ponto de partida. Estou mais habituado a Gyozas de carne, pelo que primeiro estranhei. Porém, com o molho de soja no ponto, rendi-me. Entranhei.
Numa visita à página do Botanista no Zomato, havia identificado um prato como interessante através de uma fotografia. Quando mostrei ao staff, soube já não fazia parte da actual ementa. Portanto, para compor foram pedidos dois pratos principais integrantes da nova lista.
O primeiro deles, o Timbale, é o prato mais vendido e querido da nova carta. Não é de admirar, já que é muito rico e variado. Dele fazem parte Purê de batata doce, tempeh fumado, cogumelos pleurotus e farofa de pão sem glúten. Tudo feito no próprio restaurante e por quem sabe.
Mal sabia eu que o melhor estava para vir. Sabem aquele prato que pedem porque vos parece uma escolha segura, mas que não dão nada por ele? Bem, era esse o caso. Mas logo à primeira garfada percebi que se tratava de algo incrível, indescritível. Eis o Fancy Talharim, uma espécie de Tagliatelle com natas e cogumelos, que para quem leia esta mesma frase, é só mais um prato de massa. Acontece que a massa é fresca e totalmente confeccionada na casa. Os meus parabéns à Chef Amábile Kolenda, que conseguiu exceder largamente as melhores expectativas, e fez uma pequena de 3 anos chorar por mais massa. Provado e aprovado por todos.
(Sim, o prato que acabei de descrever é logo a primeira imagem da publicação. Merece todo o protagonismo e mais algum)
À saída parei na vitrina dos bolos e fiquei certo de que será um pedido numa próxima visita. Porque lugares que sabem receber, onde se respira paz e amor, e que sabem canalizar toda essa boa energia para a comida, merecem que as mimamos de volta e repetidas vezes.
E porque, como diria o Conan Osiris, eu adoro bolos - e no fundo até provei a Banana Pão da criança, que é uma pequena gulodice cheia de cor. E agora, citando Capitão Fausto para equilibrar as coisas, eu não me posso queixar.
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