LÁ POR FORA - CHILE

Queridos seguidores: este é o primeiro texto no blog que se centra numa experiência gastronómica fora de Lisboa... e de Portugal.


Não é novidade para quem segue nas redes sociais que no passado mês de Fevereiro viajei pela América do Sul - nomeadamente Chile e Argentina, também com uma breve incursão pelo Uruguai.
No entanto, houve uma etapa preliminar na minha escala em Madrid, onde apesar do excesso de batata que é hábito de nuestros hermanos, bebi a melhor cidra de sempre. Com design e sabor tradicionais, deixa qualquer Sommersby da vida a anos luz. Não há quaisquer parecenças com sumo ou até refrigerante, nota-se que é obra de Asturianos que sabem da arte.


Cheguei à América do Sul com referências gastronómicas várias, tanto das minhas pesquisas como de
referências de pessoas amigas como a Ana Gil Pires (Brunch do Mundo), que já haviam pisado estes territórios.

O Chile conquistou-me sobretudo através das suas bebidas. Destaque máximo para o Terremoto, bebida surpreendente que é igualmente fresca, doce e potente. É composta por vinho branco doce, gelado de abacaxi e fernet ou grenandina (licor não alcoólico de romã). Beber este fiel exemplar de Terremoto numa das mais tradicionais casas chilenas foi a cereja no topo do bolo. Num dia de calor abrasador, o La Piojera, perto do Mercado Central, garante servir um Terremoto de nível 10 na escala de Richter.

No dia seguinte regressámos ao La Piojera, desta vez para uma refeição completa, com todos os membros da comitiva - alguns aterraram mais tarde em Santiago - e comemos diversas iguarias viradas para a carne: como é o caso da Chorrillana e do Costillar de Cerdo. É uma tasca genuinamente chilena - não prima pela limpeza mas rapidamente se percebe que a qualidade está lá, e que todo esse aparente desleixo faz parte do charme.


A maior novidade no que a pequeno-almoço diz respeito, foram as Arepas. Trata-se de uma espécie de massa de pão feita com milho moído, que no meu caso vinha acompanhada com queijo e fiambre.

Houve tempo para experienciar a alta cozinha Chilena, tendo sido escolhido o Peumayen, restaurante situado no boémio bairro da Bellavista, residência habitual de Pablo Neruda.
Uma ida ao Peumayen é uma viagem às raízes mais profundas da gastronomia Chilena, onde se podem encontrar esses tais sabores ancestrais.
Optámos pelo menu degustação, onde cada um dos 6 exemplares é acompanhado por um vinho chileno, sendo toda a explicação do prato e da origem da colheita muito pormenorizada. O espaço condiz com a comida, assumindo um estilo minimalista, luzes baixas e apontamentos artesanais.


Para finalizar o pódio das bebidas - já temos o Terremoto e o Vinho chileno - eis o Mote con huesillo. Após uma subida ao ponto mais alto de Santiago, o Cerro San Cristobal, notei que muita gente local bebia algo original que me era desconhecido. Movido pela curiosidade e óptimo aspecto, decidi arriscar. O Mote é uma néctar doce à base de água, mel e canela, no qual bóiam o trigo descascado cozinhado (mote) e os pêssegos secos (huesillo). É comum em stands de rua, ou pelos vendedores ambulantes que se encontram cidade fora. Bastante diferente do que estou habituado, mas bastante agradável num dia de calor, matando também a vontade de ingerir algo doce.


Por fim, numa visita ao litoral, apanhámos a auto-estrada em direcção ao Pacífico com o objectivo de conhecer Valparaíso e Viña del Mar. Almoçámos na primeira cidade numa das muitas colinas coloridas que enfrentam o mar, num lugar recomendado por uma amiga - El Internado. Todo o enquadramento estava a puxar por um pedido mais marítimo, tendo o Ceviche super fresco sido uma aposta ganha, entre outras mais banais que nos repuseram a energia necessária para continuar a explorar.


Em suma, achámos a gastronomia chilena bastante diversa, tendo noção que apenas explorámos uma pequena parte, já que os climas mais extremos do norte desértico e do sul glaciar nos levariam a experiências bem distintas. O custo das refeições é semelhante ao português, e há uma abundância de locais modernos nas grandes cidades.

Na próxima edição do "Comer lá fora", segue-se a Argentina, com particular foco em Buenos Aires.
Despeço-me com um brinde a mais viagens cheias de buenas novidades gastronómicas!

Sem comentários:

Enviar um comentário