ASSEMBLEIA

 Aproveitámos um fim de semana outonal, em jeito de fuga ao calor abrasador do verão, para conhecer e desfrutar dos Passadiços do Paiva e região envolvente, e tomando também partido de uma casa de família situada numa aldeia deveras isolada algures nas curvas e contracurvas das serras do concelho de São Pedro do Sul.

Esta foi a viagem que começou com um pit-stop no Leitão do Mugasa, mas que continuou com uma programação forte no que a almoços diz respeito.

Pedi sugestões à Ana Costa, uma filha da terra cuja gastronomia e viagens são dois dos seus maiores interesses e que me fez a papinha toda, tornando fácil a tarefa de decidir onde comer e o que comer na região. É uma pessoa muito habilitada para dar bonitas sugestões a quem por lá passa.



O plano era ambicioso: da aldeia aos passadiços ainda levava algum tempo, ao qual se somava o receio de chuva, que para nossa sorte não se materializou. Depois de consumado o exercício, projectámos encher o bandulho em Arouca a horas que nos servissem. Para o efeito, liderei o meu mini-pelotão e imprimi um ritmo alucinante no último par de quilómetros. Logo após o final do percurso, um táxi que sabia o caminho de olhos fechados deixou-nos num piscar de olhos no carro, tanto que a chegada ao Assembleia foi rápida.


Pedimos a incontornável Posta Aroquesa, porque longe de nossa casa o bom senso pede que escolhamos o óbvio, o que é famoso naquela região. A carne bovina de Arouca tem uma reputação inestimável porque a vida segue tranquila naqueles pastos e a carne não apresenta sinais de stress. Nem a carne nem nós, que depois de um belo exercício matinal e uma carne excelente, já tínhamos o dia ganho. Mas antes, ordenámos que viesse uma tábua de queijos e enchidos para abrir o apetite. Só podia correr bem e só não comemos a tábua para que nos sobrasse espaço para a posta.



Como nos foram transmitidas sugestões também no domínio das sobremesas, não houve como escapar. E ainda bem, porque as Minas Crocantes - gelado de baunilha com crumble de maçã quente - são deliciosas, com o jogo do quente e do frio a ser jogado no interior da boca.



Por fim, regressei aos Passadiços do Paiva, mas no sentido figurado do termo: é uma espécie de doce conventual, onde assumimos que o nome deriva da forma do mesmo se aproximar da dos passadiços. Muito boa embora menos surpreendente.



Em suma, em Arouca celebra-se a arte do bem comer e as opções são várias, mas se quiserem ter a certeza que não vão ao engano, o Assembleia é uma casa segura.

A caminho do carro, ainda parámos na Casa dos Doces Conventuais, mesmo em frente ao Mosteiro. Trouxe Castanhas Doces e Charutos de Amêndoa para quem por Lisboa ficou, e mais uma vez celebrámos a vitória de uma boa escolha. Especialmente as Castanhas Doces, pequenas bolinhas capazes de convencer os mais cépticos.

Arouca esteve à altura das nossas melhores expectativas, e tem de fazer parte de qualquer roteiro gastronómico nacional que se preze.

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