MUGASA

 Das impressões que tenho vindo a trocar com outras pessoas, o Leitão é uma daquelas coisas à qual ninguém é indiferente. Ou se adora ou se detesta. Contudo, mesmo para quem tanto gosta de Leitão, não deixa de haver a distinção entre o bom e o mau. Acreditemos que também haja quem não persiga tal prazer por se tratar de um pequeno animal no seu começo de vida. 

Ora, uma visita ao norte do país para aproveitar um fim de semana prolongado foi o pretexto ideal para fazer um reabastecimento de combustível em forma de comida num dos mais afamados lugares que a bairrada proporciona. Claro que já havia passado e experimentado alguns dos restaurantes da bairrada, como o Pedro dos Leitões ou o Rei dos Leitões, mas o Mugasa tem aparecido constantemente no meu radar, não só pela parceria com a Mercearia do Pigmeu em Lisboa, mas também pelos elogios aos quais umas quantas fontes credíveis não se pouparam já após a reabertura no pós confinamento.



Uma vez que, na nossa mesa ninguém tem por hábito beber espumantes, perguntámos por recomendações à nossa calorosa anfitriã, já que é incontornável neste favorável contexto em que nos encontrávamos. O único pré-requisito ia no sentido de ser um espumante equilibrado em termos de acidez e doçura, e a recomendação assentou na perfeição. Um Quinta dos Abibes Arinto & Baga 2015, proveniente do concelho onde se situa o Mugasa - Anadia - no sopé da Serra do Buçaco. Fica registado e memorizado para encomendar quando assim se proporcionar, já que cerca de 100% da nossa mesa adorou e esboçou um triste "oooooh" quando terminou.



Antes de o Rei da festa entrar em acção, compareceram dois pequenos exemplares do Leitão em formatos diferentes, em formato banda de abertura para abrir o apetite: iscas e cabidela. Eu sou team cabidela, a qual não me defraudou pois estava excelente e com um travo a picante que nunca havia testemunhado numa cabidela. As iscas sabiam a iscas (quem diria) e eu não morro de amores por elas. A mesa dividiu-se quanto à preferência, com uns justos 50% a pender para cada um dos pequenos pratos.



Chegada a hora da aparição do cabeça de cartaz deste festival de bem comer e depois de tiradas as respectivas fotografias, fez-se um silêncio sepulcral. Era hora de comer o que nos fez ali chegar, vindos de longe. É difícil declarar se é ou não o melhor leitão porque passo anos sem ir à bairrada e já tive óptimas experiências no passado, mas que é sensacional, disso não restam dúvidas. Até a laranja era acima da média e o molho, elemento determinante no prato e que dá aquele sabor extra, cumpria. Do meio leitão, nada restou.



Por fim, e perdoem-me todas as avós deste mundo, incluindo a minha, comi a melhor aletria da minha vida. Já vinha com a lição estudada e sabia que era a especialidade da casa, nas não sonhei que fosse tão boa. Não é nada seca, é cremosa como se quer uma sobremesa e o sabor estava todo lá, diz-vos a pessoa que prefere arroz doce e aletria acabadinhas de fazer, para o quente e ainda para o liquido. Cumpre todos esses requisitos excepto o estar quente, o que não esperava de um restaurante, colocando-o num lote restrito de sobremesas de excepção.



Mesmo que o resto do fim de semana prolongado não correspondesse às expectativas, podiamos regressar felizes a Lisboa após a visita ao Mugasa!

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