NOTAS DE QUARENTENA I

Bem sabemos que esta não é a primeira pandemia da história, e que por vezes a história se repete, mas o mundo de hoje é extraordinariamente diferente do que tínhamos aquando da anterior pandemia, ou até última grande guerra, pelo que estamos todos a aprender a lidar e a adaptarmo-nos a este inusitado e inesperado capítulo das nossas vidas.


São raros os sectores de actividade que prosperam em paradigmas como este, sendo a restauração não foge à regra. Portanto, foi com normalidade que logo após o começo dos apelos para ficarmos todos em casa - na medida do possível - tenham surgido alguns dos grandes intérpretes da restauração em Portugal a questionar-se sobre o futuro desta. Vimos inclusive movimentos como o #tomates surgir, promovido por nomes sonantes como Ljubomir Stanisic, que exclamavam por um fecho global e coordenado dos restaurantes, com a contrapartida de apoios concretos, o que denota mobilização e solidariedade neste sector muito importante. Certamente muitos restaurantes não conseguirão sobreviver a esta fase, se não forem bem sucedidos em nenhuma destas duas abordagens:
1) a busca de uma reinvenção ou pelo menos um esforço de adaptação no curto/imediato prazo. Tal pode ser alcançado através da elaboração de uma ementa alternativa, ou apenas de uma adaptação a um formato take away ou de entrega eficiente. Seja de uma forma ou de outra, uma comunicação eficaz é essencial.
2) o acesso a ajudas de cariz financeiro sempre que o enquadramento legal seja propício a isso.


Todavia, não são só os restaurantes que terão de se adaptar. A nós, consumidores ávidos de comer bem e bonito, também se exige um apoio aos estabelecimentos que tanto acarinhamos e queremos que sobrevivam, na medida em que se valorize o esforço e dedicação de quem está a colocar o seu produto com todos estes constrangimentos. Trocando por miúdos, a minha perspectiva é que o take away e a encomenda serão mais frequentes, neste período, seja porque não queremos estar constantemente em filas de supermercados, seja porque são tempos de stress e indefinição onde por vezes não temos a cabeça no devido lugar para dedicar o tempo que a confecção de um bom prato caseiro exige.

Deste modo, para melhor compor este texto, queria partilhar convosco fotos de duas refeições entregues em casa nesta semana, e de uns snacks gulosos que me aqueceram o coração.

1) Macarrão com cajú, natas azedas e facon do Xéxéxé
2) Pizza Prosciutto e Funghi do Forno D'oro
3) Cannolis do Remi Coffee & Wine



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