Tudo começou no despertar de 2018. Uma amiga que partilha do amor por ramen falou-me do então Supper Club de nome Ajitama, e do quão bom seria experimentar o conceito.
Dito e feito: inscrevemo-nos prontamente e restava esperar. Assim foi, mas com um pequeno pormenor: a espera foi longa. Tão longa, que quando finalmente recebeu o contacto do Ajitama, já havia emigrado. Contactou-me imediatamente e, poucos dias depois, estava a ter o prazer de desfrutar de um delicioso Ramen. Acontece que nos primeiros meses de 2019 o Ajitama, antigo Supper Club feito em casa de um dos "fundadores", passou a ser o Ajitama Ramen Bistro - agora um restaurante, aberto em regime de Soft Opening, servindo "apenas" quem se encontrava em lista de espera.
Os responsáveis pelo projecto e a Internet não me deixam mentir: eram cerca 1800 pessoas em fila de espera.
Chegado o dia, tivemos uma preocupação acrescida em chegar a horas, de modo a não perturbar a ocupada agenda do António e do João, criadores da ideia. O espaço, embora inacabado à data, é belíssimo: minimalista. Se tivesse de o associar a um país, seria o Japão, claro. Em jeito de homenagem e para manter o registo minimalista, vou limitar-me a descrever as experiências sem nomes. Bora?
Para beber, duas escolhas paradoxais. Uma água e um cocktail da casa. Confesso que não consigo fugir ao wasabi e, enquanto lia os atributos dos cocktails, parei nele. Nada havia a fazer: era paixão e destino.
Enquanto aguardávamos pelas gyozas, foi-nos proporcionada uma das melhores esperas de que temos memória: um mini jogo Pacman que nos entreteve até a comida chegar - reduziu substancialmente a distância entre Lisboa e território nipónico. Já que falamos nisso, a dupla Ajitama frequentou um workshop em Tóquio neste período de transição entre Supper Club e restaurante, tendo adquirido novos conhecimentos que se traduziram em novos ramens, ajustes aos ramens existentes, e também em novas versões de iguarias vindas no país do sol nascente.
Quanto às gyozas, eram suaves e fantásticas. O primeiro pensamento que me surgiu foi o da ambição do Ajitama em ser exímio em tudo o que faz e não só no que toca a ramen.
Foram dois os ramens que vieram para a mesa: o Shoyu e o Miso. O primeiro, bastante simples e leve, é originário dos tempos de Supper Club e bastante agradável. O Miso, já bem mais complexo e intenso, é um desafio para o estômago. Trata-se um nível de Ramen já bem avançado, recomendado apenas para quem segue o culto e adora o prato. Nesse capítulo, o mais exigente é mesmo o Tonkotsu, o qual não quis arriscar porque o próprio staff me avisou que era precisa "estaleca". Em todo o caso, a barriga de porco do Ramen Miso fez a visita valer automaticamente a pena. O caldo, claro, em nada decepcionou.
Por fim, o pouco espaço que restava no nosso interior foi ocupado com a bavaroise de matcha. Sendo eu um apreciador de matcha - não é uma relação tão intima quanto a do wasabi, mas não anda longe - foi uma aposta ganha e a prova provada que o Ajitama está dotado de atributos capazes de convencer o mais céptico cliente em qualquer momento de uma refeição.
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