O ZAGAIA

 Em jeito de despedida da margem sul, onde residi a esmagadora maioria da minha vida, aproveitei para conhecer uma das mais refrescantes promessas da gastronomia a sul do Tejo. Para isso, rumei a Sesimbra numa atípica noite de Agosto onde o nevoeiro e uns ténues pingos de chuva me enchiam de espanto. A primeira vez que venho a Sesimbra este ano, no pico do verão, e sou recebido desta forma? 

Não me preocupei muito porque já não era hora para ir à praia, e a coisa só podia melhorar com uma ida ao Zagaia - a rima não foi pensada, o que me deixa orgulhoso.




Perante um restaurante repleto de gente - e aproveito desde já para falar sobre o ponto mais negativo da experiência no Zagaia, onde o distanciamento social entre mesas não foi propriamente respeitado, contribuindo para um legítimo sentimento de insegurança.
Vinhamos com fome, muita fome e quase toda a ementa constituía uma possível escolha.




Eternos amantes de lingueirão, não tivemos qualquer contenção e pedimos todos as pratos com o dito bivalve. Eram eles o lingueirão com molho holandês em modo petisco de entrada e o Arroz de lingueirão e Coentros, porque lingueirão nunca é demais. Fez-nos sentir no Algarve numa noite fria de Sesimbra, o que é obra. Destaco mais o lingueirão com molho holandês, porque eu sou mais menino de petiscos, é um prato mais clean e o molho é de excelência. Parecia uma torre de jenga, tal era o equilibrio instável que aparentava. Mas o arroz tem um sabor tão natural e vivo, que não deixa que sejam os coentros a monopolizar o paladar. 




Recuemos um pouco, até mais uma entrada que foi o meu feeling logo que me sentei: Saladinha de polvo e feijão branco. Tão fresquinho, nunca comi feijão tão leve na minha vida. Comecei então a assimilar a ideia que os pratos do Zagaia, para além de bonitos, são bons que se fartam. Passem no Instagram para comer com os olhos e validar o que vos escrevo.




Para definir o último prato a pedir, socorri-me do staff e perguntei, entre a Lula e manteiga de carabineiro e o Polvo com cebolinha e massa de pimentão, qual era a melhor opção. A resposta foi convicta e imediata, apontando para a Lula, e assim foi. A manteiga de carabineiro dá o toque diferenciado de um marisco de topo e a lula é boa, mas confesso que aquando da pergunta estava mais virado para o Polvo - um lindo prato num feed de instagram perto de si - e a Lula não me fez esquecer o que podia ter sido se a opção fosse outra.




Não sou fã incondicional de chocolate apesar de gostar, mas o azeite e a flor-de-sal fizeram-me acreditar que esta espécie de mousse não seria enjoativa ou super intensa. E assim foi, muito cremosa e onde tanto o doce quanto o salgado encontram o seu espaço. Quem pediu o caramelo salgado com amendoim deleitou-se e disse mesmo que se tratava da melhor sobremesa da sua vida. Perante estas declarações bombásticas pedi licença para experimentar e gostei muito, especialmente do caramelo salgado. Mas continuei fiel à minha escolha sem qualquer arrependimento.




Apesar do verão invernal, o Zagaia justificou completamente a ida a Sesimbra com o seu conceito de partilha centrado em produtos do mar, e onde mesmo provando vários pratos, não nos sentimos cheios e gordos.




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