A Marta estava com desejos de Pizza e eu estava com desejos de não encomendar, porque por mais cómodo que seja, fica sempre aquém.
E eu, há muito que andava a namorar as pizzas da Tozzi, que inicialmente abriram no mercado de Cacilhas, na margem sul do Tejo. E neste verão, prova de que os nossos caminhos teriam irremediavelmente de se cruzar, ambos cruzámos o rio Tejo, atracando em Lisboa seduzidos pela sua luz. Bem, no caso da Tozzi, a pandemia obrigou a uma reestruturação e ponderação a pensar no futuro, e dado que a maior parte dos clientes já eram de Lisboa, porque não ir para perto deles? Assim foi, e as curvas da vida mantiveram-nos perto.
Tudo isto para dizer que este lugar foi a minha resposta para as preces da Marta, mas ainda não expliquei porque as andava namorar. Em primeiro lugar, pizzas criativas e apelativas, mas sem entrar no campo da estupidez ou do non-sense. Depois, têm os trocadilhos que vc respeita, como é o caso do "Pumpqueen" para identificar uma delicada e ligeiramente adocicada pizza com base de puré de abóbora. Não menos importante, a fermentação lenta que permite uma massa fina e deliciosa, com as famosas bolhas nas bordas. Por fim, a sua localização num dos eixos mais aprazíveis da cidade, e de fácil acesso.
Como a fome, derivada de lanches fracos durante o dia de trabalho, apertava, sucumbimos aos nossos mais primários desejos e ordenámos que nos chegasse um Tempero, a entrada não vegan que consiste numa espécie de pão de alho a la Tozzi: massa de pizza temperada com azeite de alho, grana padano e ervas. Se trouxesse um bocadinho mais de queijo, não nos queixávamos: antes pelo contrário! Mas ficámos logo a saber que a massa das pizzas que se seguiam era boa a valer.
Chegada a hora de por as mãos nas estrelas da noite - na Tozzi somos incentivados a comer a pizza à mão, com o auxílio de guardanapos vários - acabámos por apostar em duas pizzas de autor. Primeiro a St. Mustard e depois a já referida Pumpqueen. A St. Mustard foi a minha eleita, e posso-vos dizer sem reservas que é de excelência. A linguiça artesanal, fruto da parceria com a Sal e Cura, é a protagonista desta redondinha onde a mostarda fermentada, queijo scarmorza, rebentos e o molho de tomate também participam.
A Pumpqueen está algures entre a St. Mustard e uma sobremesa, em virtude da sua base adocicada. O bacon é discreto mas bom, e a pizza acaba sendo bem leve, como se quer uma rainha. Ainda fomos instados a servir de um picante médio, o que me fez sentido na St. Mustard, já que a mostarda não é intensa, mas terminei com a convicção de que prefiro a pizza do modo que aterrou na mesa.
Vínhamos informados e fomos tentados a pedir um Pudim Brulée para fechar, mas o Tempero retirou-nos aquele espacinho que quase sempre sobra para um doce partilhado. Na realidade, as próprias pizzas são mais que suficientes (30 cm) e levámos umas poucas fatias de sobra para o dia seguinte.
Assim, sabemos que temos de voltar, e provavelmente trocaremos o Tempero pelo doce. E para repetir uma pizzeria, é porque gostámos, mas é preciso saber escolher.
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