A única garantia com que saio de casa quando vou a um restaurante com o Diogo é a de que não comerei um bitoque com batatas fritas, até porque sou vegetariana – excepto, claro, se estivermos a caminho de um conceito moderno, alternativo e desafiador das normas impostas às típicas tascas portuguesas. Aí pode perfeitamente acontecer.
Almoçar ou jantar com o Diogo é, para mim, uma experiência quase antropológica. Se este blog fosse meu, a rubrica podia por isso chamar-se “o meu melhor amigo só me leva a comer a sítios estranhos”. “Estranhos” é, não me leiam mal, um elogio. Sei que posso confiar de olhos vendados nas sugestões que o Diogo me vai fazer porque ele é genuinamente interessado em conhecer as novidades gastronómicas de Lisboa, explorar pratos que nos são distantes, ou, simplesmente, a pessoa ideal com quem estar à mesa num ambiente acolhedor e bonito.
É nestas experiências quase sempre fora da caixa que percebo a evolução do meu paladar e o quão divertido pode ser conhecer novos sabores e cozinhas, e foi por isso que quando o Diogo me propôs escolher entre um dos mais recentes e badalados restaurantes de tacos da capital e um restaurante georgiano... nem hesitei.
Confesso-me ignorante. Nunca estive na Europa Oriental e da Geórgia conhecia apenas o Dínamo Tbilisi – e de nome. Na decoração do restaurante, simples, cuidada mas pouco diferenciada, é difícil perceber a identidade georgiana. Ainda assim ela existe, porque eram locais quem ocupava as outras mesas do espaço.
Por isso, quando olhei para o menu do TreeStory, senti-me simultaneamente perdida, confusa e entusiasmada. As opções vegan e vegetarianas estão bem assinaladas e a lista de opções não é muito extensa, mas é ainda assim grande o suficiente para nos deixar com vontade de experimentar vários pratos.
Para entrada, depois de muito debatermos, e de pedirmos ajuda ao staff -impecável do princípio ao fim no atendimento personalizado, esclarecedor e simpático, com um português muito esforçado e aceitável – acabámos por optar pelo Chvishtari, um bolo de milho frito com recheio de queijo. Uma dose traz duas unidades, o que eu achei perfeito para partilhar. Não sei porquê, esperava uns “bolinhos” redondos, visualmente semelhantes às croquetas espanholas, e fui surpreendida por uma espécie de pão de alho muito saborosa. A verdade é que tenho, apesar de adorar comer, estômago de passarinho, e acho que apenas com esta entrada já teria ficado bem.
Mas não. O melhor estava por vir.
Porque esta não era já a primeira visita do Diogo ao TreeStory, balançámos entre o Khachapuri da Ajara “Barco”, uma tarte quente em forma de barco, recheada com ovo e queijo derretido, e o Lobiani da Ajara “Barco”, que acabou por ser a nossa escolha. Sou fã de ovo, não tanto de queijo, mas se pudesse ser alimentada a apenas uma leguminosa a vida toda escolheria o feijão, portanto não me importei nada de dar ao Diogo a oportunidade de experimentar esta variação daquele que é considerado o prato estrela da casa. Até porque o Chvishtari também já tinha queijo, e fazia sentido variarmos nos ingredientes.
Uma tarte quente no forno recheada com feijão prometia ser uma experiência diferente mas certamente deliciosa. Não estava mentalizada, ainda assim, para o sabor deste Lobiani da Ajara “Barco”. O recheio parecia e não parecia feijão – era muito bom, com um toque salgado que, para mim, amante do sal, fez toda a diferença. A massa fez-me lembrar uma espécie de pizza e o prato é apresentado num formato de barco – afinal, os olhos também comem.
Para acompanhar, pedimos uns legumes salteados que estavam igualmente deliciosos e muito bem temperados. Não conseguimos terminar o prato, ainda assim, porque a comida georgiana, apesar de super bem confeccionada, acaba a ser pesada e a encher muito. Por isso, beber chá à refeição, como fizemos, pode ser muito boa ideia.
Foi uma experiência muito interessante e que pretendo repetir!
Diogo, quando é o próximo?
Sem comentários:
Enviar um comentário